terça-feira, 20 de outubro de 2009

A RELAÇÃO ESCOLA, JUVENTUDE E COMUNIDADE


Se viver é aprender e aprender é viver, podemos dizer também que a Escola aprende e, ao aprender, muda, ensina e constrói mais vidas aprendentes. A educação escolar é uma necessidade das sociedades complexas e um excelente meio para o desenvolvimento das “experiências reflexivas”, como afirmou um dos proponentes da Escola Nova, John Dewey, no início do século passado. Desta maneira, a relação escola e comunidade deve ser intensificada, na tentativa de uma “educação como vida” e não “para a vida”. É preciso que a vida escolar seja cada vez mais refletida, a partir do compartilhamento de idéias e de construção de decisões de pais, estudantes e educadores, como uma busca cotidiana de construir “modelos vivos” de uma sociedade almejada. A participação da comunidade -pais, parentes, amigos, irmã, irmão, comerciantes, enfim, todos os convivas que se relacionam de uma maneira ou de outra com a escola, é de suma importância para que trilhemos o caminho da transformação social rumo a paz, mesmo que, para isto, diversos conflitos surjam, pois estes serão sempre meios criativos e de descobertas de resoluções, para o benefício comum. E pensar a paz no Brasil de hoje, é pensar na juventude, parcela da população mais atingida pelas desigualdades sociais e, conseqüentemente, pela violência. 

Desta maneira, celebremos a PEC 24/2008 - Proposta de emenda constitucional, que reconhece a juventude como segmento social, e inclui no capítulo de Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal, os jovens de 15 a 29 anos, assegurando prioridades como saúde, educação, alimentação, lazer, profissionalização e cultura. Esta emenda foi apresentada em 2003 e aprovada em 2008 pela câmara dos deputados, depois passou pela comissão de constituição de justiça e agora, após a aprovação em primeiro turno no Senado, caminha para o segundo turno, com reverberações de favorável aprovação. Para isto acontecer, diversas manifestações e encontros de juventudes ocorreram no Brasil, e, crucialmente a 1º Conferência Nacional de Juventude, que contou com a participação de 400 mil jovens e resultou na proposição da emenda.

 Nos últimos dias, uma audiência pública, veiculada para toda a Bahia por meio de videoconferência, tratando sobre o “Estatuto da Juventude”, foi realizada no IAT – Instituto Anísio Teixeira, promovida pelo CEJUVE – Conselho Estadual de Juventude, que compõe-se de representações das secretarias de governo, organizações não-governamentais e grupos culturais diversos, cujas finalidades de suas ações se concentram na promoção do protagonismo juvenil. Com a juventude agora reconhecida pela Constituição, abre-se um caminho mais largo para as conquistas que a sociedade tem reivindicado, tendo como bandeira as demandas de 50 milhões de jovens brasileiros, que corresponde ao percentual de 50% de jovens da América Latina. Mesmo assim, os desafios continuam,  asseguremos o Plano Nacional de Juventude, ampliemos o debate e desafiemos o atraso. Da teoria a prática, da escrita a vida, almejamos o melhor para as nossas escolas e nossas comunidades, e, para isto, cuidemos da juventude brasileira para que as relações humanas sejam cada vez mais construídas com tolerância, inclusão, respeito as diferenças, compromisso e verdade. A escola, como uma micro-sociedade é o lugar onde o cosmo se constitui como valor e suas funções na atualidade ultrapassam o mero instrucionismo e o cognoscível e atingem o convívio e a afetividade. Assim, a relação escola e comunidade deve ser incentivada e praticada para que a escola pública contemporânea faça sentido para todos nós. 

Naynara Tavares Moreira

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