quinta-feira, 25 de março de 2010

COCADA

Ai meu Deus se eu pudesse
Eu abria um buraco 
Metia os pés dentro criava raiz 
Virava coqueiro trepava em mim mesmo 
Colhia meus côcos meus frutos feliz 
Ralava eles todos com cravo e azeite 
E punha no tacho pra fazer cocada 
Depois convidava morenas e loiras 
Mulatas e negras pra dar uma provada 
Depois satisfeito de tanta dentada 
Na boca de todas eu me derretia 
Aí novamente eu abria um buraco 
Metia os pés dentro com toda alegria 
Virava coqueiro trepava em mim mesmo 
Colhia meus côcos fazia tachada 
Com cravo e açúcar ficava roxinho 
Ficava doidinho pra ser mais cocada 
Côco, côco, cocada, Côco, côco, cocada,


Essa pérola, composta há mais de 70 anos, é de um certo compositor
maranhense chamado Antonio Vieira. Descobri no CD Tecnomacumba, de Rita Ribeiro.


Aquilino

Biografia de Antonio Vieira aqui:


http://www.samba-choro.com.br/s-c/tribuna/samba-choro.0203/0016.html

quem quiser siga o puluxia no twitter: siga minhas mãos, como dizia o chapolim

http://twitter.com/aquilinopaiva

terça-feira, 23 de março de 2010

Ciência, religião, Marcelo Gleiser, Saramago

Tem um conto espetacular, maravilhoso, genial, do José Saramago, em que um sujeito quer encontrar a Ilha Desconhecida. Aí ele pega um barco e se manda pelo mar.

Dá-lhe Marcelo Gleiser! A ciência não pode provar a inexistência de Deus. Claro. Nem de Deus, nem do Papai Noel, do Coelhinho da Páscoa nem do Saci Pererê. Crendice é crendice e ciência é outra parada.

Não provar a inexistência não significa afirmar a existência. O que Marcelo Gleiser aponta é o erro de muitos em colocar a ciência no lugar da religião ou vice-versa. Gleiser fala da busca por grandes teorias gerais, como a das supercordas, por exemplo, e de como essa busca tem raízes em uma postura mítica remanescente da religiosidade. O universo é irregular, assimétrico, imperfeito. Essa é a nossa encrenca, ou a nossa divertida aventura.

Mas isso é realmente difícil de encarar. Para ser mais grosseiro, eu diria: Quem quiser certezas, respostas fáceis e fantasias em geral, que vá para suas igrejas. O cardápio é bem variado, hoje em dia.

A beleza da ciência não é a explicação, mas a dúvida. Não é resolver, mas buscar. A busca é o
sentido. O nome do barco é Ilha Desconhecida.

Aquilino Paiva


sobre o livro de Marcelo Gleiser:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u706071.shtml



O Conto da Ilha Desconhecida, de Saramago
http://www.releituras.com/jsaramago_conto.asp

quinta-feira, 18 de março de 2010

Glauco, corrigindo e confirmando

Nem foi assalto. Escrevi o post assim que vi a notícia e caí na pressa da mídia.

Então o cara que matou Glauco não era assaltante. No entanto, foi a violência da droga proibida, tráfico, facilidade em comprar uma arma e uma boa pitada de alucinação religiosa.

Dá no mesmo.

Aquilino Paiva

sexta-feira, 12 de março de 2010

Glauco, um gênio do cartum, mais um assalto, um tiro.

Porra, como é que pode? Um gênio morreu num assalto.

A indignação fica mais forte num momento desses. Mas vale lembrar que a violência faz barulho o tempo inteiro e, não sei de que jeito, conseguimos dormir. A morte de Glauco faz parte da mesma escrotidão que extermina jovens negros todos os dias em qualquer cidade brasileira.

É que, sei lá, a gente acompanha o noticiário da violência com quem assiste novela, pela tv. Quando morre alguém que admiramos tudo fica mais exposto, é a ferida em carne viva.

Leio o Glauco há mais de vinte anos. Guardo edições de Chiclete com Banana antigonas, e tenho a raridade que é aquela edição de Los Três Amigos, produção de Glauco com os amigos Angeli e Larte. Glauco tinha um traço ligeiro, parecia que desenhava uma tira em três segundos, e um humor sem pudores.

Vou procurar minha revista no baú e rir do Glauquito, Laerton e Algel Villa pela milésima vez.

Aquilino Paiva